jueves, 7 de enero de 2016

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Judaísmo

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Judaísmo (em hebraico: יהדות, Yahadút) é uma das três principais religiões abraâmicas, definida como "religião, filosofia e modo de vida" do povo judeu.[1] Originário da Torá Escrita e da Bíblia Hebraica (também conhecida como Tanakh) e explorado em textos posteriores, como o Talmud, é considerado pelos judeus religiosos como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de Israel. De acordo com o judaísmo rabínico tradicional (e cristianismo), Deus revelou as suas leis e mandamentos a Moisés no Monte Sinai, na forma de uma Torá escrita e oral.[2] Esta foi historicamente desafiada pelo caraítas, um movimento que floresceu no período medieval que mantém milhares de seguidores atualmente e, que afirma que apenas a Torá escrita foi revelada.[3] Nos tempos modernos alguns movimentos liberais, tais como o judaísmo humanista, podem ser considerados não-teístas.[4]


O judaísmo afirma uma continuidade histórica que abrange mais de três mil anos. É uma das mais antigas religiões monoteístas, que sobrevive até os dias atuais,[5] e a mais antiga das três grandes religiões abraâmicas.[6] [7] Os hebreus/israelitas já foram referidos como judeus nos livros posteriores ao Tanakh, como o Livro de Ester, com o termo judeus substituindo a expressão Filhos de Israel.[8] Os textos, tradições e valores do judaísmo influenciaram mais tarde outras religiões monoteístas, tais como o cristianismo, o islamismo e a Fé Bahá'í.[9] [10] Muitos aspectos do judaísmo também influenciaram, pela ética secular ocidental e pelo direito civil.[11]


Os judeus são um grupo etno-religioso[12]
e incluem aqueles que nasceram judeus ou foram convertidos ao judaísmo.
Em 2010, a população judaica mundial foi estimada em 13,4 milhões, ou
aproximadamente 0,2% da população mundial total. Cerca de 42% de todos os judeus residem em Israel e cerca de 42% residem nos Estados Unidos e Canadá, com a maioria restante na Europa.[13]


O maior grupo religioso judaico é o judaísmo ortodoxo (judaísmo haredi e o judaísmo ortodoxo moderno), mas também existem o movimento conservador e o reformista. A principal diferença entre esses grupos é a sua abordagem em relação à lei judaica.[14] O ortodoxo sustenta que a Torá
e a lei judaica são de origem divina, eterna e imutável, e que devem
ser rigorosamente seguidas. Os conservadores e reformistas são mais
liberais, com o judaísmo conservador, geralmente promovendo uma
interpretação mais "tradicional" de requisitos do judaísmo do que o
judaísmo reformista. A posição reformista típica é de que a lei judaica
deve ser vista como um conjunto de diretrizes gerais e não como um
conjunto de restrições e obrigações cujo respeito é exigido dos judeus.[15] [16] Historicamente, tribunais especiais aplicaram a lei judaica; hoje, estes tribunais ainda existem, mas a prática do judaísmo é na sua maioria voluntária.[17]
A autoridade sobre assuntos teológicos e jurídicos não é investida em
qualquer pessoa ou organização, mas nos textos sagrados e nos rabinos e estudiosos que interpretam esses textos.[18]



Índice

Etimologia

Shalom black.svg Este artigo contém texto em hebraico.

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O termo "judaísmo" veio ao português pelo termo {{Lang-gr|Ιουδαϊσμός (transl. Iudaïsmós), que designa algo ou alguém relacionado ao topônimo Judá - em grego: Ιούδα (transl. Iúda), em hebraico: יהודה (transl. Yehudá).


História

Ver artigo principal: História do judaísmo

Origem


As cenas do Livro de Ester que decoram a Sinagoga de Dura Europos datam do ano 244.
Na sua essência, o Tanakh é um relato da relação dos israelitas com Deus desde sua história mais antiga até a construção do Segundo Templo (c. 535 aC). Abraão é saudado como o primeiro hebreu e o pai do povo judeu. Como recompensa por seu ato de fé em um Deus, foi prometido que Isaac, seu segundo filho, herdaria a Terra de Israel (então chamada Canaã). Mais tarde, os descendentes de Jacó (filho de Isaac) foram escravizados no Egito, que após séculos de escravidão Deus ordenou a Moisés que liderasse a libertação da escravidão do Egito, movimento conhecido por o Êxodo.


No Monte Sinai, eles receberam a Torá — os cinco livros de Moisés. Estes livros, juntos com Nevi'im e Ketuvim formam o Torah Shebikhtav em oposição à Torá Oral, que se refere a Mishná e ao Talmude. Deus em seguida levou-os para a terra de Israel, onde o tabernáculo foi implantado na cidade de Siló
por mais de 300 anos para reunir a nação contra os ataques de inimigos.
Conforme o tempo passava, o nível espiritual da nação recuou até o
ponto em que Deus permitiu que os filisteus capturassem o tabernáculo.


O povo de Israel exigiu ao profeta Samuel um governo liderado por um rei permanente. Samuel então nomeou Saul para tal cargo. Quando o povo pressionou Saul em ir contra uma ordem transmitida a ele por Samuel, Deus disse a Samuel nomear Davi em seu lugar. Depois que o reinado de Davi foi estabelecido, ele informa ao profeta Natã
seu desejo de construir um templo permanente. Como recompensa por seus
atos, Deus prometeu a Davi que ele permitiria que seu filho, Salomão, construísse o Primeiro Templo e que o trono nunca seria afastado de seus filhos.



O Muro das Lamentações em Jerusalém é um remanescente do muro que circunda o Segundo Templo. O monte do Templo é o local mais sagrado do judaísmo.
A tradição rabínica afirma que os detalhes e a interpretação da lei, que são chamados de Torá Oral ou lei oral,
eram originalmente uma tradição não escrita com base no que Deus disse a
Moisés no Monte Sinai. No entanto, conforme a perseguição contra os
judeus aumentava e os detalhes da tradição oral estavam em perigo de
serem esquecidos, o rabino Judah Hanasi (Judah o Príncipe) registrou as leis orais na Mishná, redigido por volta do ano 200. O Talmude é uma compilação da Mishná e Guemará,
que são comentários rabínicos editados ao longo dos três séculos
seguintes. A Guemará tem origem em dois grandes centros de estudos
judaicos, Palestina e Babilônia.
Do mesmo modo, dois corpos de análise desenvolveram-se e duas obras de
Talmude foram criadas. A compilação mais velha é chamado o Talmude de Jerusalém. Foi compilado em algum momento durante o século IV, em Israel. O Talmude Babilônico foi compilado a partir de discussões nas casas de estudo por parte dos estudiosos Ravina I, Ravina II e Rav Ashi no ano 500, embora tenha continuado a ser editado posteriormente.


Alguns estudiosos críticos opõem-se à ideia de que os textos sagrados, incluindo a Bíblia Hebraica, foram divinamente inspirados. Muitos desses estudiosos aceitam os princípios gerais da hipótese documental
e sugerem que a Torá é composta de textos incoerentes editados em
conjunto de uma forma que chama a atenção para contos divergentes.[19] [20] [21]
Muitos sugerem que, durante o período do Primeiro Templo, o povo de
Israel acreditava que cada nação tinha seu próprio deus, mas que seu
deus era superior aos outros deuses.[22] [23] Alguns sugerem que o monoteísmo estrito desenvolveu-se durante o Exílio babilônico, talvez em reação ao dualismo do Zoroastrismo.[24] De acordo com esse ponto de vista, foi apenas no período Helênico que a maioria dos judeus passou a acreditar que seu Deus era o único deus e que a noção de uma nação judaica floresceu com base na religião judaica.[25] John Day argumenta que as origens do Yahweh, El, Aserá e Baal, pode estar enraizada no início da religião cananeia, que era centrada em um panteão de deuses muito parecido com o panteão grego.[26]


Doutrinas


Símbolos do judaísmo (em sentido horário): castiçais do Shabat, cálice de lavagem das mãos, Chumash e Tanakh, ponteiro da Torá, shofar e caixa de etrog.
Surgiram variadas formulações das crenças judaicas, a maioria das
quais com muito em comum entre si, mas divergentes em vários aspectos.
Uma comparação entre várias dessas formulações mostra um elevado grau de
tolerância pelas diferentes perspectivas teológicas. O que se segue é
um sumário das crenças judaicas. Uma discussão mais detalhada destas
crenças, acompanhada por uma discussão sobre as suas origens, pode ser
encontrada no artigo sobre os princípios de fé judaicos.


Monoteísmo

O princípio básico do judaísmo é a unicidade absoluta de Deus como
criador, onipotente, onisciente, onipresente, que influencia todo o
universo, mas que não pode ser limitado de forma alguma. A afirmação da
crença no monoteísmo manifesta-se na profissão de fé judaica conhecida
como Shemá. Assim qualquer tentativa de politeísmo é fortemente rechaçada pelo judaísmo, assim como é proibido seguir ou oferecer prece a outro que não seja Deus.


Conforme o relacionamento de Deus com Israel, o judaísmo enfatiza certos aspectos da divindade chamando-o por títulos diferenciados, como "O Eterno" (ver Nomes de Deus no Judaísmo).


O judaísmo posterior ao exílio no entanto assumiu a existência de uma corte espiritual na qual Deus seria uma espécie de rei, o qual controlaria seres para execução de sua vontade (anjos). Esta visão era aceita pelos fariseus e passada para o posterior judaísmo rabínico, mas no entanto desprezada pelos saduceus.


Revelação

O judaísmo defende uma relação especial entre Deus e o povo judeu, manifesta através de uma revelação contínua de geração a geração. O judaísmo crê que a Torá
é a revelação eterna dada por Deus aos judeus. Os judeus rabinitas e
caraítas também aceitam que homens através da história judaica foram
inspirados pela profecia, sendo que muitas das quais estão explícitas
nos Neviim e nos Kethuvim. O conjunto destas três partes formam as Escrituras Hebraicas conhecidas como Tanakh.


A profecia
dentro do judaísmo não tem o caráter exclusivamente adivinhatório como
assume em outras religiões, mas manifestava-se na mensagem da Divindade
para com seu povo e o mundo, que poderia assumir o sentido de
advertência, julgamento ou revelação quanto à Vontade da Divindade. Esta
profecia tem um lugar especial desde o princípio do mosaísmo, seguindo
pelas diversas escolas de profetas posteriores (que serviam como
conselheiros dos reis) e tendo seu auge com a época dos dois reinos.
Oficialmente se reconhece que a época dos profetas encerra-se na época
do exílio babilônico e do retorno a Judá. No entanto o judaísmo
reconheceu diversos profetas durante a época do Segundo Templo, e durante o posterior período rabínico.


Metafísica

Conceitos de vida e morte

O entendimento dos conceitos de corpo, alma e espírito no judaísmo varia conforme as épocas e as diversas seitas judaicas. O Tanach não faz uma distinção teológica destes, usando o termo que geralmente é traduzido como alma (néfesh) para se referir à vida e o termo geralmente traduzido como espírito (ruakh)
para se referir a fôlego. Deste modo, as interpretações dos diversos
grupos são muitas vezes conflitantes, e muitos estudiosos preferem não
discorrer sobre o tema.


Ressurreição e a vida além-morte


Lápide com a Estrela de Davi em um cemitério em Ramla, Israel.
Ver artigo principal: Morte no judaísmo
O Tanach,
excetuando alguns pontos poéticos e controversos, jamais faz referência
a uma vida além da morte, nem a um céu ou inferno, pelo que os saduceus posteriormente rejeitavam estas doutrinas. Porém após o Cativeiro Babilónico,
os judeus assimilaram as doutrinas da imortalidade da alma, da
ressurreição e do juízo final, e constituíam em importante ensino por
parte dos fariseus.


Nas atuais correntes do judaísmo, as afirmações sobre o que acontece
após a morte são postulados e não afirmações, e varia-se a interpretação
dada ao que ocorre na morte e se existe ou não ressurreição. A maioria
das correntes crê em uma ressurreição no mundo vindouro (Olam Habá), incluindo os caraítas, enquanto outra parcela do judaísmo crê na reencarnação, e o sentido do que seja ressurreição ou reencarnação varia de acordo com a ramificação.


Cabalá

Ver artigo principal: Cabala
Cabalá é o nome dado ao conhecimento místico esotérico de algumas
correntes do judaísmo, que defende a interpretação do universo, de Deus e
das escrituras através de sua natureza divina.


Judeus

Ver artigo principal: Judeu

Judeus rezando no Yom Kipur, de Maurycy Gottlieb.
A lei judaica ortodoxa considera judeu todo aquele que nasce de mãe
judia ou se converte de acordo com essa mesma lei, segundo o judaísmo
rabínico. Algumas ramificações como o Reformismo e o Reconstrucionismo aceitam também a linhagem patrilinear, desde que o filho tenha sido criado e educado em meio judaico.


Um judeu que deixe de praticar o judaísmo e se transforme num judeu
não-praticante continua a ser considerado judeu. Um judeu que não aceite
os princípios de fé judaicos e se torne agnóstico ou ateu também continua a ser considerado judeu.


No entanto, se um judeu se converte a uma outra religião, ou ainda,
que se afirme "judeu messiânico" (ramificação que defende Jesus como o
messias para os judeus) geralmente é visto como que perdido o lugar como
membro da comunidade judaica tradicional e transforma-se num apóstata. Esta pessoa, caso pretenda retornar ao judaísmo, não precisa se converter, de acordo com a maior parte das autoridades em lei judaica, mas abjurar das antigas práticas relativas às outras fés.


As pessoas que desejam se converter ao judaísmo devem aderir aos
princípios e tradições judaicas. Os homens têm de passar pelo ritual do brit milá (circuncisão). Qualquer converso tem de passar ainda pelo ritual da mikvá
ou banho ritual. Os judeus ortodoxos reconhecem apenas conversões
feitas por seus tribunais rabínicos, seja em Israel ou em outros locais.
As comunidades reformistas e liberais também exigem a adesão aos
princípios e tradições judaicos, o brit milá e a mikvá, de acordo com os critérios estipulados em cada movimento.


Enquanto as conversões autorizadas por tribunais rabínicos ortodoxos
são aceitas como válidas por quase todas as correntes do judaísmo,
aquelas feitas de acordo com as correntes Reformista ou Conservadora são
aceitas pelo Estado de Israel e nas comunidades judaicas não-ortodoxas
no mundo inteiro - mais de 80% da população dos judeus do planeta, mas
rejeitadas pelo movimento ortodoxo.


Ciclo de vida judaico

Ver artigo principal: Ciclo de vida judaico

Material usado em uma cerimônia de brit milá

Exibido no museu da cidade de Göttingen
  • Brit milá - As boas-vindas dos bebés do sexo masculino à aliança através do ritual da circuncisão.
  • Zeved habat - As boas-vindas dos bebés do sexo feminino na tradição sefardita.
  • B'nai Mitzvá
    - A celebração da chegada de uma criança à maioridade, e por se tornar
    responsável, daí em diante, por seguir uma vida judaica e por seguir a
    halakhá.
  • Casamento judaico
  • Shiv'á - O judaísmo tem práticas de luto em várias etapas. À primeira etapa (observada durante uma semana) chama-se shiv'á, à segunda (observada durante um mês) chama-se sheloshim e, para aqueles que perderam um dos progenitores, existe uma terceira etapa, a avelut yod bet chódesh, que é observada durante um ano.

Vida comunitária

Vida comunitária judaica é o nome dado à organização das diferentes
comunidades judaicas no mundo. Há variações de locais e costumes mas
geralmente as comunidades contam com um sistema de regras comunais e
religiosas, um conselho para julgamento e um centro comunal com local
para estudo. No entanto, a família é considerada o principal elemento da
vida comunitária judaica, o que ao lado do mandamento de Crescei e multiplicai leva ao desestímulo de práticas ascéticas como o celibato apesar da existência através da história de algumas seitas judaicas que promovessem esta renúncia.


Sinagoga

Ver artigo principal: Sinagoga

Sinagoga Kahal Zur Israel, a mais antiga sinagoga das Américas, localizada em Recife, Pernambuco.
A sinagoga é o local das reuniões religiosas da comunidade judaica, hábito adquirido após a conquista do Reino de Judá pela Babilônia e a destruição do Templo de Jerusalém. Com a inexistência de um local de culto, cada comunidade desenvolveu seu local de reuniões, que após a construção do Segundo Templo tornou-se os centros de vida comunitária das comunidades da Diáspora. Na estrutura da sinagoga destaca-se o rabino, líder espiritual dentro da comunidade judaica e o chazan (cantor litúrgico).


Cherem

Ver artigo principal: Chérem
O Chérem
é a mais alta censura eclesiástica na comunidade judaica. É a exclusão
total da pessoa da comunidade judaica. Excepto em casos raros que
tiveram lugar entre os judeus ultra-ortodoxos, o cherem deixou de se
praticar depois do Iluminismo, quando as comunidades judaicas locais
perderam a autonomia de que dispunham anteriormente e os judeus foram
integrados nas nações gentias em que viviam.


Cultura

Ver artigo principal: Cultura judaica
Cultura judaica
lida com os diversos aspectos culturais das comunidades judaicas,
oriundos da prática do judaísmo, de sua integração aos diversos povos e
culturas no mundo, assim como assimilação dos costumes destes. Entre os
principais aspectos da cultura judaica podemos enfatizar os idiomas, as
vestimentas e a alimentação (Cashrut).


Vestimentas


Kipá, símbolo distintivo usado principalmente pelos judeus rabínicos como temor a Deus
O judaísmo possui algumas tradições religiosas e culturais em relação à vestimentas, dentre as quais podemos destacar:


  • Kipá
    são os chapéus utilizado pelos judeus tanto como símbolo da religião
    como símbolo de "temor a Deus" são semelhantes ao solidéu usado por
    Bispos Católicos e pelo Papa .
  • Tefilin
  • Tzitzit é o nome dado à franjas do talit, que servem como meio de lembrança dos mandamentos de Deus.

Calendário

Ver artigo principal: Calendário hebraico
Baseados na Torá
a maior parte das ramificações judaicas segue o calendário lunar. O
calendário judaico rabínico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo
judaico, chamado Rosh Hashaná
(em hebraico ראש השנה, literalmente "cabeça do ano") é o nome dado ao
ano-novo no judaísmo)., acontece no primeiro ou no segundo dia do mês
hebreu de Tishrei,
que pode cair em setembro ou outubro. Os anos comuns, com doze meses,
podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os bissextos, de treze meses,
383, 384 ou 385 dias. o calendário judaico começa a ser contado em 7 de
outubro de 3760 a.C.que para os judeus foi a data da criação do mundo.


Diversas festividades são baseados neste calendário: pode-se dar ênfase às festividades de Rosh Hashaná, Pessach, Shavuót, Yom Kipur e Sucót. As diversas comunidades também seguem datas festivas ou de jejum e oração conforme suas tradições. Com a criação do Estado de Israel diversas datas comemorativas de cunho nacional foram incorporadas às festividades da maioria das comunidades judaicas.


Língua hebraica


Codex Aleppo, uma Bíblia Hebraica do século X com pontuação massorética.
Ver artigo principal: Língua hebraica
O hebraico (também chamado לשון הקודש Lashon haKodesh ("A
Língua Sagrada") ) é o principal idioma utilizado no judaísmo utilizado
como língua litúrgica durante séculos. Foi revivido como um idioma de
uso corrente no século XIX e utilizado atualmente como idioma oficial no
Estado de Israel.
No entanto diversas comunidades judaicas utilizam outros idiomas cuja
origem em sua maioria surgem da mistura do hebraico com idiomas locais
(ver Línguas judaicas).


Crença messiânica e escatologia

Ver artigo principal: Escatologia judaica
Escatologia judaica refere-se às diferentes interpretações judaicas dadas aos temas relacionados ao futuro: ainda que se acreditarmos na Torá este tema não seja tão desenvolvido no judaísmo primitivo após o retorno do Exílio em Babilônia
desenvolveu-se baseado no profetismo e no nacionalismo judaico
conceitos que iriam formar a base da escatologia judaica. Entre estes
temas principais podemos nomear os conceitos sobre o Messias e o Olam Habá (mundo vindouro) no qual todas as nações submeter-se-iam a Deus e a Torá e na qual Israel ocuparia um lugar de proeminência.


Messias

Ver artigo principal: Messias, Messianismo
Dentro do judaísmo, a doutrina do Messias é um assunto que pode variar de ramificação para ramificação. Historicamente diversos personagens foram chamados de Messias, do hebraico ungido, que não assume o mesmo sentido habitual do cristianismo como um "ser salvador e digno de adoração" . Até mesmo o conceito do Messias não aparece na Torá, e por isto mesmo recebe interpretações diferentes de acordo com cada ramificação.


A maior parte dos judeus crê no Messias como um homem judeu, filho de
um homem e de uma mulher, (em algumas ramificações é considerado que
viria da tribo de Judá e da descendência do rei Davi, uma herança do
sentimento nacionalista que regulou a vida judaica pós-exílio) que
reinará sobre Israel,
reconstruirá a nação fazendo com que todos os judeus retornem à Terra
Santa e unirá os povos em uma era de paz e prosperidade sob o domínio de
Deus[carece de fontes].


Algumas ramificações judaicas (reformistas) creem no entanto que a
era messiânica não envolva necessariamente uma pessoa, mas sim que se
trate de um período de paz, prosperidade e justiça na humanidade. Dão
por isso particular importância ao conceito de "Tikun Olam", "reparar o mundo", ou seja, a prática de uma série de atos que conduzem a um mundo socialmente mais justo.


Literatura



Primeira página da edição de Vilna do Tractate Berachot, Talmude Babilônico, folio 2a.
Os diversos eventos da história judaica levaram a uma valorização do estudo e da alfabetização dos membros da comunidade judaica. Na Diáspora
a busca de conexão com o judaísmo e a busca de não-assimilação com os
costumes gentílicos levaram a uma ênfase na necessidade da educação e
alfabetização desde a infância, pelo que na maior parte das comunidades
judaicas o analfabetismo é praticamente inexistente. Este pensamento
levou à criação de uma vasta literatura principalmente de uso religioso.


Dentro do judaísmo, a escritura mais importante é a Torá,
que seria o livro contendo o conjunto de histórias da origem do mundo,
do homem e do povo de Israel, assim como os mandamentos de obediência a Deus.
Para a maior parte das ramificações judaicas, acrescenta-se a história
de Israel e as palavras dos profetas israelitas até a construção do Segundo Templo, com sua literatura relacionada, que compiladas na época do retorno de Babilônia, constituíram o que conhecemos como Tanakh, conhecido pelos não-judeus como Antigo Testamento.


Os judeus rabinitas creem que Moisés recebeu além da Torá escrita, uma tradição oral que serviria como um complemento da primeira, e que seria passada de geração à geração desde Moisés, e que viria a ser compilada no século IV como o Talmude. Os judeus caraítas recusam estes textos .


Cada ramificação tem seus próprios textos e livros.


Literatura rabínica

Ver artigo principal: Literatura rabínica

Ramificações

Ver artigo principal: Religiosidade judaica

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Nos dois últimos séculos, a comunidade judaica dividiu-se numa série
de denominações; cada uma delas tem uma diferente visão sobre que
princípios deve um judeu seguir e como deve um judeu viver a sua vida.
Apesar das diferenças, existe uma certa unidade nas várias denominações.


O judaísmo rabínico, surgido do movimento dos fariseus após a destruição do Segundo Templo, e que aceita a tradição oral além da Torá escrita, é o único que hoje em dia é reconhecido como judaísmo, e é comumente dividido nos seguintes movimentos:



  • Judaísmo ortodoxo - considera que a Torá foi escrita por Deus que a ditou a Moisés, sendo as suas leis imutáveis. Os judeus ortodoxos consideram o Shulkhan Arukh (compilação das leis do Talmude do século XVI, pelo rabino Yosef Karo) como a codificação definitiva da lei judaica. O judaísmo ortodoxo exprime-se informalmente através de dois grupos, o judaísmo moderno ortodoxo e o judaísmo haredi. Esta última forma é mais conhecida como "judaísmo ultraortodoxo", mas o termo é considerado ofensivo pelos seus adeptos. O judaísmo chassídico é um subgrupo do judaísmo haredi.
  • Judaísmo conservador - fora dos Estados Unidos é conhecido por judaísmo Masorti. Desenvolveu-se na Europa e nos Estados Unidos no século XIX, em resultado das mudanças introduzidas pelo iluminismo e a Emancipação dos Judeus. Caracteriza-se por um compromisso em seguir as leis e práticas do judaísmo tradicional, como o Shabat e o cashrut,
    uma atitude positiva em relação à cultura moderna e uma aceitação dos
    métodos rabínicos tradicionais de estudo das escrituras, bem como o
    recurso a modernas práticas de crítica textual. Considera que o judaísmo
    não é uma fé estática, mas uma religião que se adapta a novas
    condições. Para o judaísmo conservador, a Torá foi escrita por profetas
    inspirados por Deus, mas considera não se tratar de um documento da sua
    autoria.
  • Judaísmo reformista - formou-se na Alemanha
    em resposta ao iluminismo. Rejeita a visão de que a lei judaica deva
    ser seguida pelo indivíduo de forma obrigatória, afirmando a soberania
    individual sobre o que observar. De início este movimento rejeitou
    práticas como a circuncisão,
    dando ênfase aos ensinamentos éticos dos profetas; as orações eram
    realizadas na língua vernácula. Hoje em dia, algumas congregações
    reformistas voltaram a usar o hebraico como língua das orações; a brit milá é obrigatória e a cashrut, estimulada.
  • Judaísmo reconstrucionista: formou-se entre as décadas de 20 e 40 do século XX por Mordecai Kaplan,
    um rabino inicialmente conservador que mais tarde deu ênfase à
    reinterpretação do judaísmo em termos contemporâneos. À semelhança do
    judaísmo reformista não considera que a lei judaica deva ser suprema,
    mas ao mesmo tempo considera que as práticas individuais devem ser
    tomadas no contexto do consenso comunal.
  • Judaísmo humanístico:O
    judaísmo humanístico é um movimento no judaísmo que busca manter a
    identidade cultural e tradição judaicas ao mesmo tempo que deixa de
    enfatizar crenças teísticas, é um movimento no judaísmo , que oferece
    uma alternativa não-teísta na vida judaica contemporânea, Ele define o
    judaísmo como a experiência cultural e histórica do povo judeu e
    incentiva humanistas e seculares judeus para celebrar a sua identidade
    judaica através da participação em festas judaicas e eventos do ciclo de
    vida (como casamentos, bar e bat mitzvah) com cerimônias inspiradoras
    que se apoiam, mas ir além da literatura tradicional.
Para além destes grupos existem os judeus laicos, que não aderem à religião mas mantêm costumes judaicos.


O Muro Ocidental, em Jerusalém, Israel, é o que resta do Segundo Templo

Judaísmo e o mundo


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Porcentagem de judeus por país

Judeus e não-judeus: as leis de Noé

Ver artigo principal: Leis de Noé
O judaísmo não é atualmente uma religião proselitista, ainda que no passado já tenha efetuado missões deste tipo, especialmente durante o período do Segundo Templo[27] [28] . Atualmente o judaísmo aceita a pluralidade religiosa, e prega a obrigação dos cumprimentos da Torá apenas ao povo judeu. No entanto defende que certos mandamentos (chamados de Leis de Noé, devido à terem sido entregues por Deus a Noé depois do Dilúvio), devem ser seguidas por cada ser humano.


Judaísmo e cristianismo

Ver artigo principal: Judaísmo e cristianismo
Apesar do Cristianismo defender uma origem judaica, o judaísmo considera o cristianismo uma religião pagã[carece de fontes]. Apesar da existência de judeus convertidos ao Cristianismo e outras religiões, não existe nenhuma forma de judaísmo rabínico que aceite as doutrinas do Cristianismo como a divindade de Jesus ou a crença em seu caráter messiânico. Há movimentos, como Judaísmo messiânico que tentam conciliar a crença em Jesus como messias e a identidade judia. Algumas ramificações tentaram ver Jesus como um profeta ou um rabino famoso, mas hoje esta visão também é descartada pela maioria dos judeus[carece de fontes].


Existem diversos artigos sobre a relação entre o judaísmo e o cristianismo. Esses artigos incluem:


Desde o Holocausto,
deram-se muitos passos no sentido da reconciliação entre alguns grupos
cristãos e o povo judeu. O artigo sobre a reconciliação entre judeus e
cristãos estuda este assunto.


Tentativas por parte de grupos religiosos cristãos (principalmente de
origem evangélica) de conversão ao judaísmo são desprezadas e
condenadas pelos grupos religiosos judaicos.


Judaísmo e islamismo

O islamismo toma diversas de suas doutrinas do judaísmo, sendo que as duas religiões mantêm seu intercâmbio religioso desde a época de Maomé, com períodos de tolerância e intolerância de ambas as partes. É especialmente significativo o período conhecido como Idade de Ouro da cultura judaica, entre 900 a 1200 na Espanha muçulmana. Na China imperial os judeus eram contados juntos com os muçulmanos sob a designação de Hui-hui e tanto as sinagogas e mesquitas chamadas pelo mesmo nome, Tsing-chin sze. Em algumas instâncias, grupos judeus adotaram o islão, como ocorreu entre os jehudi al-islami na pérsia.


O recente conflito palestino-israelense, o que envolve entre parte da
população muçulmana e dos judeus devido à questão do controle de
Jerusalém e outros pontos políticos, históricos e culturais fomentou
ainda mais a divergência entre judaísmo e islão.


O islão reconhece os judeus como um dos povos do Livro, apesar de acreditarem que os judeus sigam uma Torá corrompida. Já o judaísmo rabínico não crê em Maomé como profeta e não aceitam diversos mandamentos do islão.


Ver também

Portal A Wikipédia possui os portais:

Referências


  • Jacobs, Louis (2007). "Judaism". Em Fred Skolnik. Encyclopaedia Judaica 11 (2d ed). Farmington Hills, Mich.: Thomson Gale. p. 511. ISBN 9780-02-865928-2. Judaísmo, a religião, filosofia e modo de vida dos judeus.

  • Bibliografia

    • Dosick, Wayne. Living Judaism: The Complete Guide to Jewish Belief, Tradition and Practice.
    • Gillman, Neil. Conservative Judaism: The New Century, Behrman House.
    • Gurock, Jeffrey S. American Jewish Orthodoxy in Historical Perspective, 1996, Ktav.
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    • Back to the Sources: Reading the Classic Jewish Texts Ed. Barry W. Holtz, Summit Books.
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    Wikilivros Livros e manuais no Wikilivros
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